segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
O samba chamou Camaian
Não sei se a maioria de vocês conhece Camaian, também chamado de Licinho, maior sambador de Burrinha que o recôncavo baiano já viu e divino tocador de pandeiro nas festas de samba de roda de Bom Jesus dos Pobres.
Pois bem, na última festa da Jornada estávamos a caminho do Rio da Fazenda depois de cantar o hino do Senhor do Bomfim na porta da igreja e sair em grupo cantando e dançando ao ritmo do verdadeiro samba de roda puxado desta vez por Vandinha e Dona Maria já que a querida Rita da Barquinha não pode participar quando Cosme de Dete, veio correndo me falar que Camaian estava muito triste e retado porque não foi convidado pelo Tesoureiro da festa, o senhor Demiram, mais conhecido como Guelo, a participar do evento.
Imediatamente chamei Gueliau e fui ao encontro do dito cujo, encontrando-o encostado num coqueiro a beira mar chorando copiosamente e acusando a organização da festa por não tê-lo prestigiado e não ter tido a consideração devida, visto que ele há mais de trinta anos por motivo algum tinha deixado de tocar seu pandeiro e dar um verdadeiro show quando era tirado na roda para dançar.
Oferecemos um chapéu de palha e a camisa com os motivos da festa e o convidamos para imediatamente se integrar ao grupo e caminhar por toda a comunidade pedindo esmolas para a realização da festa. Ele nos disse que por não ter sido avisado já tinha firmado um compromisso com sua esposa para vender uma moqueca na praia e iria ver se depois daria tempo de acompanhar a festa.
Fiquei muito triste, pois ele não parava de chorar, acusando inclusive seu compadre Edvaldo que estava levando Nosso senhor Bom Jesus de não ter avisado que a festa aconteceria naquela semana impedindo sua valiosa participação.
Voltamos correndo para o grupo, e quando contamos o ocorrido a Agenor este as gargalhadas nos contou que o problema não era exatamente a falta de convite, e sim a conversão de Camaian a Igreja Universal e o motivo do choro era sua ancestralidade batendo fundo na sua alma chamando-o a participar da tradição de samba que desde criança está incrustado na sua vida.
Ficamos aguardando Camaian em vão. O danado não apareceu para nos presentear com sua alegria e destreza para tocar um instrumento tão nobre como o pandeiro. Espero que na próxima festa ele possa se desgarrar e então participar ativamente do resguardo da cultura e tradição da sua terra que ele ajudou a construir sem esquecer das suas convicções religiosas
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